Está a circular há uns dias na internet um vídeo em que um gato é colocado dentro de um pote de barro que por sua vez é amarrado a um poste. Um cordel que parte do chão e segura o pote é posto a arder, qual rastilho, até que a chama chega ao pote, o fio quebra-se e o dito cai cá em baixo. Dentro está um ser vivo, provavelmente mais racional do que os bárbaros que assistem e aplaudem tal "tradição", que sofre por estar no pote, sofre pelo seu aquecimento, sofre com a queda e que ainda cai num lugar com chamas. Ontem vi no noticiário da SIC que falaram com a pessoa que "empresta" gatos para a festa há quase uma década e que diz que nunca mal nenhum acontece aos gatos, pois se acontecesse não os emprestaria. Se esta pessoa percebesse alguma coisa do que quer que seja, perceberia que o animal sofre e que ser humano nenhum, por mais apoucado que seja, tem o direito de pegar num animal e, deliberadamente, colocá-lo numa situação que lhe inflija dor, medo ou quaisquer mazelas. Mas isto, repito, acontece quando falamos de pessoas com cérebro, que pensam, que não se julgam, por serem "seres humanos", poderosas o suficiente para poderem fazer o que lhes dá na gana. Quando se tem valores e um coração que não seja um calhau cego e ignorante, estas coisas não acontecem.
Em nome da "tradição" pode-se tudo? Ouvi o jornalista da SIC falar com algumas das pessoas da aldeia e todas as que aceitaram falar para a câmera se socorreram dessa palavra para justificar a barbaridade que aplaudiram, acrescentando de seguida que nada sucede ao animal. Pois bem, eu sou fã da lei de Talião e da ideia de "olho por olho, dente por dente". Que tal fechar esta gente num pote de barro no alto de um poste, acender um rastilho e vê-los cair cá em baixo no meio das chamas? Parece-me que seria bastante educativo. E até daria uma boa lição de História, quase revivendo os autos-de-fé. Hei, estes não poderiam ser, também, considerados uma tradição? Que tal ressuscitá-los e inclui-los no programa de festas da aldeia? Ah, mas com pessoas não pode ser? E com animais pode? Porquê? Porque são mais pequenos que nós e se deixam apanhar?
Infelizmente, a justiça de Talião não se pode usar, mas já há uma lei que protege os animais de quem intencionalmente os magoa ou os usa de modo a que sofram e saiam lesados da situação. Pois bem, tal como o pivô da SIC no Jornal da Noite de ontem, também eu só posso dizer " que se faça justiça é o mínimo que se pode pedir". Estas pessoas envolvidas na situação deviam ser exemplarmente punidas e estas tradições deviam ter um fim. Aliás, nas festas em que se sabe que estas coisas são "tradição" deviam estar militares preparadinhos para agir quando a população ousasse sequer levar a sua "tradição" por diante. Mais: esta gente devia ser proibida de utilizar a palavra "tradição" porque aquilo que fazem não é tradição nenhuma: é selvajaria pura, é barbárie, é falta de valores morais. Portanto, termino como comecei: tenho vergonha de viver num país que acolhe pessoas que têm tais tradições. A minha revolta é tão grande que até tenho vergonha de viver sob o mesmo céu que elas. Tenho dois gatos e seria absolutamente incapaz de os magoar só para divertir alguém. Eles não são bobos da corte inanimados que nada sentem: pelo contrário, são vidas e merecem respeito. Os seres humanos que se regozijam numa festa que tem como ponto alto a "queima do gato" é que não merecem nada. Nem o nosso respeito, nem a nossa consideração. Nada, não merecem mesmo nada. Tenho muito nojo desta gente.
enojou-me esta história toda :s
ResponderEliminarÉ tão revoltante. Quem faz isto não é, certamente, um ser humano.
EliminarEste comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminarEu também tenho nojo desta gente que pratica tais barbáries. Em nome da tradição. Eu começava por pôr a "benemérita" dos empréstimos, dentro do pote. Nem mais.
ResponderEliminarConcordo totalmente consigo. Tem de haver um limite para esta gente e para aquilo que a palavra "tradição" pode abranger. Nenhuma tradição pode ser feita à custa do sofrimento de outros, seja animal ou pessoa. Não pode passar impune e esta ignorância tem de ter fim. Se hoje há uma lei, que se utilize e siga com rigor.
EliminarApaguei o seu primeiro comentário porque percebi que este é que era o que queria verdadeiramente publicar.
Agradeço as suas palavras. Seja bem-vinda a este blogue. :)
Já há muito que cá venho! Gosto do que escreve! Também sou "doidinha por livros (e ainda por cima sou bibliotecária) assim como adoradora assumida de gatos (tenho três: Júlio César, 8 anos, Marco António, 3 e finalmente Marco Aurélio, 2 aninhos). E como é evidente, neste seu cantinho, também me sinto em casa.
ResponderEliminarSabe que nisto dos blogues, se as pessoas que os visitam nunca disserem nada, ficamos sem saber quem vem cá espreitar.
EliminarAh, tem uma profissão que eu ADORAVA ter. Seria tão feliz enquanto bibliotecária... Deve ser maravilhoso!
Os nomes dos seu gatos são fantásticos: são uns pequenos imperadores (peludos).
Pois sinta-se em casa que por aqui andamos muito numa de gatos e livros, livros e gatos. É o que se quer. :)
Também ADORO a minha profissão! Mais, agora acho que não podia ter outra. Sempre rodeada de livros. E o que eu gosto de falar sobre os mesmos com os Leitores! Nunca fui Bibliotecária de gabinete. Tenho-o, como é evidente e passo lá muitas horas. Mas mal posso, gosto de "aparecer", se é que me entende. E que belas conversas se podem ter à volta dos livros... As sugestões que me fazem. Sim eu aprendo imenso com os leitores. E já agora, consigo, também aqui!
ResponderEliminarQue inveja! Cada vez mais penso que gostaria muito de fazer uma pausa no ensino e dedicar-me a um trabalho do género, com livros, com conversas saborosas como as que refere. Não precisa de uma ajudante?! :)
EliminarMuito obrigada pelas suas palavras. Bem sei que é um blogue um bocadinho repetitivo, não tão divertido como outro que há por essa blogosfera fora, mas é um cantinho meu e do qual gosto muito.