segunda-feira, 15 de junho de 2015

Feira do Livro # 3

Agora que a Feira do Livro de Lisboa terminou e que tenho cinco minutinhos sem trabalho para poder vir aqui dizer-vos umas coisitas, passo para partilhar que, depois da primeira visita (noticiada em quixotadas anteriores), ainda voltei lá duas vezes: uma com o moço e, na última, sozinha para limpar as ideias depois de um dia de trabalho particularmente chato.
 
Na ida com o moço foi a desgraça. Foi de tal ordem que, por pudor e vergonha, não coloco foto da pilha de volumes que entrou na biblioteca cá de casa. Resta-me dizer que tem uma altura que merece respeito...
 
Fomos mesmo ao final da tarde, saímos de lá às onze da noite e apanhámos um tempo espectacular. Deu para jantar um kebab sentados na relva do Parque e tudo. Só não tivemos direito à Hora H porque fomos num sábado à noite. De resto foi perfeito e por mim repetia já amanhã (só que já não há feira nem orçamento...).
 
E o que veio? Bem, assim por alto e sem detalhes que acabem por revelar o tamanho do desvario, vieram dois livros de A. M. Pires Cabral, para mim um dos melhores autores portugueses do momento e que não me canso de divulgar. Na primeira visita à Feira tinha trazido o último volume de contos que publicou. Desta vez trouxe, da sua antiga editora, o livro O Diabo Veio ao Enterro e um outro livro «de cuyo nombre no quiero acordarme», mas que julgo que consiste numa antologia de textos sobre vários temas, mas que acabam por ter quase sempre um pezinho naquela realidade nortenha e rural que adoro. Este autor não nos desilude e só lamento que não se fale mais dele e da sua obra que, para mim, é extraordinária.
 
Trouxe também o Mau Tempo no Canal, de Nemésio, que era já uma falha grande nas prateleiras aqui do burgo. Calhou estar com uma boa promoção naquele dia e trouxe a edição amarela da Relógio D'Água. Melhor assim porque não sou particular fã de edições de bolso.
 
Do pavilhão do El Corte Inglês (um dos meus favoritos embora tenha achado que a disposição dos livros este ano estava pavorosa, com os infantis mesmo à mão e a literatura para crescidos atrás do balcão) veio a Breve Historia de España. Ora, como quem me conhece sabe, eu gosto muito de Portugal, mas se não fosse portuguesa seria espanhola com certeza (e até rima!). Já sentia uma curiosidade aguçada pelas coisas do país vizinho desde que li o Quixote pela primeira vez. Mas a coisa foi aumentando de tamanho até que chegou ao máximo com a série Isabel (que ainda não consegui acabar de ver) e com a série Cuéntame Cómo Pasó. Esta Historia Breve pareceu-me bem sobretudo por ser isso mesmo: breve. Estando em espanhol e contando factos que desconheço por completo, parece-me bem que não toque nos pormenores todos ou correria o risco de tornar-se de difícil leitura. Ontem dediquei-lhe uma horita e correu bem. Foi só a introdução, mas já me levou a conhecer aspectos que desconhecia sobre a história do país vizinho. Pareceu-me, pois, uma boa compra.


No pavilhão da Gradiva voltei à BD e ao Calvin & Hobbes. O Sr. Bill Watterson deixou de criar novas tiras do Calvin há algum tempo, mas as editoras lá vão descobrindo como fazer render o peixe. Desta vez trouxe comigo o álbum Páginas de Domingo, que mostra como as pranchas dominicais foram originalmente publicadas em jornais e o modo como depois saíram em livro. O moço também trouxe um do Calvin de que também não recordo o nome, mas que, estranhamente, não existia cá por casa. E eu que achava que tinha tudo do puto e do tigre mais cool do mundo...
 
Consegui, nos alfarrabistas, dois livros do Somerset Maugham que ainda não tinha e, no mesmo alfarrabista de onde trouxe, na primeira passeata pela feira, uma das adaptações do Quixote que me faltavam, trouxe uma tradução antiga do livro Tom Brown's Schooldays. Pensei que nunca fosse conseguir apanhar este livro em português, mas lá consegui, numa edição antiga da Portugália. E já que estamos numa de Toms, também trouxe As Viagens de Tom Sawyer (Relógio D'Água) e Tom Sawyer Detective (Vega).
 
Enfim, mais coisinhas boas vieram (como dois do Salman Rushdie que faziam falta cá por casa), mas ficamos por aqui que já são horas de dormir. Para o próximo ano haverá mais feira e espero que com mais pechinchas que este ano achei que estava um bocadinho cara (na Leya, tirando os livros da banca das promoções, os preços não diferiam muito das livrarias ao longo do ano...). Continuo a achar que a Tinta da China, sendo uma excelente editora, podia repensar os preços que faz na feira. Não comprei lá nada e não me parece que compre enquanto a diferença for de dez porcento ou pouco mais em relação ao preço de capa. Continuo a achar que a Antígona é daquelas editora que fazem a feira continuar a valer a pena, bem como a Cotovia e a Relógio D'Água. Também na Porto Editora os livros me pareceram mais caros do que no ano passado, mas talvez fosse impressão minha.
 
Seja como for, valeu a pena. A Feira do Livro de Lisboa vale sempre a pena. Aquele ambiente é único e compre-se um livro ou vários, o passeio pelo Parque Eduardo VII e a vista para o rio são uma excelente forma de passar a tarde. Se a isso aliarmos um gosto (ou uma paixão pelos livros) então só temos a ganhar. Agora resta mesmo esperar pela edição do próximo ano e por tardes e noites bem passadas junto de tantos livros.

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