sábado, 31 de maio de 2014

Feira do Livro de Lisboa 2014

Ora bem... Decorreu hoje o segundo dia de feira e eu ainda não disse nada sobre ela. Não, não estou doente. Aliás, a prova de que o não estou é o facto de, ao segundo dia, já lá ter ido duas vezes. E, diga-se, com estas duas vezes arrumei as minhas botas já que comprei tudo o que podia queria.
 
Ontem fiz a voltinha de reconhecimento. Já é uma espécie de tradição minha: vou no dia da abertura da feira (tenho tido a sorte de o conseguir já há vários anos) e vejo como param as modas. Geralmente nesse dia ainda está tudo a funcionar a meio gás e com pouca gente. Assim, consigo ir vendo o que quererei comprar num dia em que regresse. Ontem fiz pouquíssimas compras (embora tenha aproveitado uma promoção DAQUELAS!). Hoje regressei e... foi a desgraça. De tal modo que por vergonha nem coloco foto das aquisições. Foi mesmo em grande. Também, ando em tal contenção na compra de livros que olhem... Feira é feira! Andei o ano todo a vender mais do que a comprar, por isso desforrei-me. Então aquele pavilhão da Quetzal... Com tanto lucro que dou a essa editora, já merecia um lugarzinho na empresa. Pensem nisso com carinho, sim? A menina agradece.
 
Ora, mas para quem ainda não visitou a Feira do Livro de Lisboa este ano e tem ainda muito tempo para o fazer (sortudos, porque eu já não devo conseguir regressar muito mais vezes), ficam alguns 'apontamentos' do que percebi nas minhas duas visitas.
 
Estando de costas para o Marquês de Pombal e de frente para o Parque Eduardo VII, o lado esquerdo da Feira é, para mim, o mais apetitoso e aquele onde notei as melhores promoções. E sobre este lado, importa dizer o seguinte:
 
- A 'praça' da Porto Editora é sempre amorosa e este ano não é exceção. É espaçosa, cuidada e tem promoções que valem bem a pena. Os livros do dia estão bem destacados e em compras superiores a 30€ temos um desconto de 5€. O meu desconto foi de 10€, por isso fazem uma pequena ideia...
 
- Dos pavilhões da Porto Editora, destaco dois: o da Quetzal, que ano após ano me surpreende pela qualidade do catálogo e dos livros que faz. Capas lindíssimas, autores de qualidade e promoções fabulosas. Tenho uma pequena biblioteca da Quetzal cá em casa e adoro cada livro. Destaco também o pavilhão dedicado a José Saramago e Fernando Pessoa. Falarei sobre isso noutra quixotada, mas gosto da forma como a Porto Editora está a lidar com a obra do nosso Nobel.
 
- A Relógio D'Água, naqueles caixotezinhos das promoções, tem coisas capazes de nos fazer babar. Consegui lá os contos do Pirandello que, quando saíram, custavam mais de quinze euros. Paguei cinco. Foi lindo.
 
- A Antígona tem uma parte da banca dedicada a livros manuseados com preços mais económicos. E, acreditem, vale BEM a pena. Trouxe de lá quatro livros que a preços normais iriam para umas dezenas de euros. Paguei dezoito por todos. Estão em bom estado, embora não estejam completamente perfeitinhos. Valem bem a pena.
 
- A banca da Cavalo de Ferro, que costumava levar-me à loucura, não me parece estar tão em ebulição como noutros anos. Os livros do dia que foram escolhidos nos primeiros dois dias pareceram-me desinteressantes. Mas, lá está, continua a ser uma das minhas editoras favoritas, tendo um catálogo de babar. Merece uma visita.
 
- A banca da Esfera dos Livros é aquela onde se encontram os livros de História que estiveram (e ainda estão um bocadinho) na berra há uns tempos. Não esperem pechinchas. Os livros do dia estão pouco destacados: devem olhar a banca com atenção para encontra-los.
 
- Não adoro, como nunca adorei, o modo como a Presença apresenta os livros: sobre a banca, com as lombadas à vista e muito encostados uns aos outros. Tiramos um do sítio e já não o encaixamos novamente. Mas, também é preconceito meu porque realmente a Presença não me enche as medidas.
 
Sobre o lado direito da feira, saibam que:
 
- A Leya lá continua com a sua praça que eu continuo a considerar claustrofóbica. Muitos pavilhões e muita coisa metida em pouco espaço. Nunca gostei da praça e continuo a não gostar. Os preços de alguns livros não estão suficientemente visíveis e as promoções não se comparam às da Porto Editora, na minha opinião.
 
- O pavilhão do El Corte Inglês volta a ser amoroso ao apresentar, além de livros com 20% de desconto, alguns acessórios para livros que geeks como eu adoram. Encontramos livros de babar por poucos euros. Trouxe um volume de contos de Ana María Matute. De caminho desenferrujo o espanhol. Todos saem a ganhar.
 
- A Bizâncio tem uma promoção na BD, nos livros do Michael Palin (ex Monty Python) e em outros mais baratos que consiste no famoso «pague 2 e leve 3». Com essa brincadeira, trouxe os três livros do Michael Palin que me faltavam (livros de viagens) por pouco mais de vinte euros. Lindo também!
 
- A Babel tem um atendimento estranho. Pedimos ajuda a um funcionário que nos remete para outro que nos remete para outro que nos manda falar com outro... Não me fez muito sentido. Tem livros que valem a pena, mas, sou sincera: como noutros anos baixou pouco os preços durante a feira, este ano quase passei ao largo. Coloquei uma questão sobre um livro que queria e fui reencaminhada umas quatro vezes. Fugi a sete pés.
 
- Não prestei muita atenção aos alfarrabistas, mas eles lá estão.
 
- A Tinta da China foi a minha desilusão. Faz livros de um qualidade inigualável. As capas são lindíssimas, a revisão de textos é muito cuidada, mas... caramba, como são caros os livros! Peguei em quatro ou cinco e a diferença entre o preço de editora e o de feira era curto. E isto não era só nos livros protegidos pela lei dos dezoito meses: era em livros muitíssimo mais antigos também. Nem o livro do dia me pareceu barato como noutros pavilhões. Não trouxe de lá nada e muito gostaria de o ter feito.
 
- A Alêtheia é uma editora de que gosto, mas também não me pareceu ter nenhuma promoção digna de nota. Vale, contudo, a pena dar lá um pulo e ver a oferta.
 
E sobre os novos pavilhões importa dizer que são giros, que não vão contra aquilo que a feira sempre foi: um evento colorido e marcado pelos pavilhões tão iguais e, ao mesmo tempo, tão diferentes. No entanto, julgo que os degraus de alguns pavilhões e a falta de plataformas para se aceder às bancadas laterais prejudicam um pouco. Galguei degraus em pavilhões daquela feira que não sei se conseguirei galgar daqui a uns trinta ou quarenta anos. Portanto, pensando nas pessoas mais velhas, se calhar não era pior diminuir a altura da coisa.
 
Pronto, é isto. Não sei quando regressarei à feira, mas não deve ser para gastar muitos mais tostões. Ficam, no entanto, estas minhas impressões. Pode ser que as possam aproveitar nas vossas visitas. E já agora: comprem livros. Comprem tantos livros quantos os que puderem comprar. Além de ler ser das melhores coisas que podemos fazer por nós e pela nossa cabeça, é importante investir na cultura, nos nossos autores, nas nossas editoras e não deixar morrer um mercado que passa por horas difíceis com esta maldita crise económica, mas também com a crise no gosto pela leitura. Se ler é remar contra a maré e marcar a diferença, pois marquêmo-la e façamos ver a quem olha o acto de ler com olhos de desdém que não é muito melhor do que um jumento de duas pernas.
 
 
Nota: A foto dos novos pavilhões foi retirada daqui e é da autoria de Maria João Costa. A minha própria foto da feira ficou um nojo.)
 

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