Apenas uma experiência

Experimentem plantar-se à frente da televisão enquanto passam a ferro e, mesmo sem olhar para o ecrã, vão prestando alguma atenção à quantidade de vezes que vão ouvir a palavra "apenas". É que não existe um anúncio publicitário a um produto cujo preço não seja precedido de um "apenas". É tão usado ao longo dos anúncios que ali ao terceiro já começa tudo a cheirar a banha da cobra. O pessoal que concebe os textos de publicidade lá considerará que o facto de colocar tal palavra antes do preço faz com que este seja automaticamente baixo e, consequentemente, com que o produto passe a ser apetecível. Bom, se me pedirem trezentos euros por um aspirador ou coisa parecida, podem pôr lá os "apenas" todos que tiverem na vontade que não passarei, ainda assim, a considerar o aspirador de trezentos euros a última coca-cola do deserto nem vou a correr comprá-lo. 

Assim, lanço o pedido: senhores da publicidade, importam-se de deixar o pobre advérbio em paz? É que o gastam sem dó e consomem-nos a nós sem piedade. Muit'agradecida.