De vez em quando acordamos a ao passar os olhos pelas capas dos jornais fica-se a saber que o país ficou ainda mais pobre. Foi ao fazê-lo que soube da morte de Óscar Lopes, um dos maiores estudiosos da literatura portuguesa que Portugal já teve. Quem estudou em Letras, fosse na Clássica de Lisboa, no Porto, em Coimbra ou em qualquer outra universidade de qualidade, não fez certamente o curso sem que alguma vez se tenha cruzado com o nome deste homem de letras e de palavras. Era dele e do António José Saraiva a conhecidíssima e grande edição azul da História da Literatura Portuguesa pela qual ainda hoje nos guiamos. São dele tantos textos bons de crítica literária que, na biblioteca da Faculdade de Letras, quando começava a estudar um autor novo e precisava de bibliografia sobre ele, ia direita à prateleira onde sabia estarem os livros que recuperavam os textos deste crítico. Lá encontrava sempre qualquer coisa de grande ajuda.
Enfim, é uma morte que dirá pouco aos que não passaram anos de vida a ler literatura nos bancos da faculdade e a complementar as suas leituras com os textos críticos que rabiscávamos com canetas e marcadores de cores garridas antes dos testes. Mas para quem, como eu, passou tantos anos nesta vida e tem dela umas saudades imensas, esta perda é como se de um colega se tratasse. As nossas letras ficaram sem um dos seus maiores sábios. Por cá fica a obra que continuará a acompanhar para sempre os alunos de Letras.
Impõe-se o agradecimento: obrigada, professor Óscar Lopes.
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