Há pouco ouvi na televisão um senhor dizer que este Governo está a matar a cultura já que as pessoas não têm dinheiro para nada, quanto mais para comprar livros. E é tão verdade que dói. Quando os trocos estão contados para a renda, para a água, para a luz, para tudo, como se poderá pensar em dar vinte ou trinta euros por livros? Passam a ser um luxo para o qual não há disponibilidade e todos sabemos que isto está errado. Os livros fazem falta, assim como o teatro, o cinema, a música, os museus, em suma, a cultura. Podemos fazer o esforço de passar sem tudo isto, mas seremos incomparavelmente mais vazios, mais tristes e mais fracos. É muito triste que se trabalhe unicamente para as necessidades básicas e que, infelizmente, a cultura, não seja vista como tal. Podemos passar sem ler, mas não podemos passar sem comer e, portanto, nesta batalha previamente ganha, os vencidos são sempre os livros que ficam nas prateleiras das livrarias. Os escritores e as editoras não ganham, mas os leitores também não. Deve ser muito triste a sensação de que se gostava de ler isto ou aquilo mas de que esses euros que o livro custa fazem falta para se chegar até ao final do mês. Irrita ver isto acontecer e saber que os portugueses, pelo menos os que sentem a falta da cultura e, concretamente, dos livros, estão a ser obrigados a privar-se de alguma coisa que não é um luxo: é uma necessidade. Por causa da crise, ainda corremos o risco de ficar com esponjas no lugar de cérebros. E os idiotas esponjosos que nos governam não se ralam. Pudera: sempre foi mais fácil governar asnos. Onde é que já assistimos a isto?...
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