terça-feira, 6 de abril de 2021

Arbitrariedades e pãezinhos

Hoje passei no supermercado e estava em dúvida relativamente ao jantar: grelhava hambúrgueres e punha-os no pão ou preparava uns wraps com peito de frango? Bom, sendo incapaz de decidir e querendo sair dali depressa, optei por trazer um saco com pães para hambúrgueres e um pacote de wraps. Chegada a casa, resolvi olhar para a conta do supermercado e constatei que o imposto dos dois produtos era diferente. Enquanto os pães tinham uma taxa de IVA de 6%, os wraps são taxados a 23%. Ambos servem para o mesmo fim, são feitos essencialmente com os mesmos ingredientes, mas um merece a taxa mínima (porque entra na categoria “pão”) e o outro a máxima (não imagino como classifiquem aquilo sequer). A única conclusão a que cheguei foi que os wraps são vistos por quem decide isto como um bem mais dispensável (leia-se “alimento de luxo”) do que os pães para hambúrgueres. 

Seria de esperar que depois desta descoberta, decidisse avançar com os requintados wraps para o jantar, brilhar cá em casa com este produto de luxo que prova quanto gosto de viver acima das minhas possibilidades, preparar um menu de degustação que fizesse brilhar o espalmadinho wrap. Mas não. Depois de imaginar a reunião em que as pessoas encarregadas de decidir estas coisas se sentam a fazer os montinhos dos bens/serviços com a taxa mínima, a intermédia e a máxima, discutindo (espero eu) com irrefutáveis argumentos, contra-argumentos e exemplos (fazendo bom uso de todas as estratégias da retórica) as razões que levam a que dois produtos muito semelhantes cobrem valores de IVA diferentes, foi-se-nos a vontade de fazer o que quer que fosse. Exaustos, jantámos uma malguinha de cereais cada um (leitinho e cereais com 6% de IVA, como Deus e o governo mandam).. 

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