quarta-feira, 21 de junho de 2017

A imbecilidade e o Exame de Português

Li esta tarde várias notícias que davam conta de uma aparente fuga de informação relativa ao conteúdo do Exame Nacional de Português do Ensino Secundário. Estará a ser investigada, mas a comprovar-se poderá conduzir à anulação das provas realizadas e ao atraso de todo o calendário de candidaturas ao Ensino Superior, prejudicando ainda as férias de muitas famílias.

Todos os anos há uma coisa do género e, curiosamente ou não, é sempre com o Exame Nacional de Português. Saber que autor sai parece uma necessidade premente. Mas saber que autor será objecto de exame não é saber que texto será escolhido nem que perguntas serão feitas. Mais: eu jamais me ficaria por uma informação veiculada pelo Whatsapp, como parece ter sido o caso, indo para o exame tendo apenas estudado aquilo que me tinham dito que ia sair. Neste caso em particular, o facto de a menina ter acertado em tudo o que saiu (os dois textos literários e o tema da produção escrita) levam-me a sentir algum cheiro a esturro e a temer mesmo pelos outros desgraçados todos que poderão ter as suas provas anuladas e o verão comprometido.

Bem sei que a aura de mistério que paira sobre os Exames dá azo a estas coisas. Mas isto é escusado. Fazer circular pelo Whatsapp uma mensagem em que se acusa uma explicadora que será presidente do sindicato dos professores e que sabe sempre o que sai (note-se que estou apenas a reproduzir a mensagem) é de uma tontice sem explicação. Esperar que isto ficasse no segredo dos deuses é mesmo ingenuidade. E além da menina que fez passar a mensagem por toda uma rede social e que, sendo descoberta, poderá não estar em boa situação, o que dizer da suposta explicadora que terá revelado o conteúdo da prova? A ser verdade que o sabia isto é muito, muito grave. Ajudar os alunos a obterem bons resultados é uma coisa, ir contra a ética profissional é outra. Mas também o IAVE terá de saber explicar o que aconteceu aqui. Sempre achei que isto dos Exames Nacionais devia ser como a receita dos Pastéis de Belém ou a da Coca-Cola: um dos segredos mais bem guardados. Afinal e em aparência parece que não é nada disso. 

Vamos ver no que isto dá. Espero, sinceramente, que se apurem responsabilidades, embora também deseje que os desgraçados que não tiveram nada que ver com este disparate todo vejam os seus exames tranquilamente classificados e que possam candidatar-se ao Ensino Superior nos prazos previstos. Uns não deveriam pagar pela suposta imbecilidade de outros. Mas geralmente essa é mesmo a regra que domina o mundo.

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