sábado, 25 de abril de 2015

Um presente pelos quatrocentos anos...

Este ano a segunda parte do Quixote, publicada em 1615, comemora os quatro séculos de existência. Também a editora portuguesa Dom Quixote celebra este ano um aniversário que é muito redondinho: os cinquenta anos. Ora, para comemorar ambas as efemérides, a editora lançou uma nova edição do Quixote a um preço bem catita: dez euros. Pensava que o livro seria uma desgracinha, devido ao preço muito módico para uma obra que atinge normalmente largas centenas de páginas. Todavia, é um volume grande, com uma introdução enorme precisamente sobre os quatrocentos anos de Quixote em Portugal, escrito por Maria Fernanda Abreu. A tradução pertence a Miguel Serras Pereira, já responsável pela que a editora publicou em dois mil e cinco, quando se comemoraram os quatro séculos da edição da primeira parte do texto cervantino. Ontem li uns capítulos para ver se apanhava gralhas que demonstrassem uma edição pouco cuidada, mas não só não encontrei nada como ainda fiquei fã da tradução. Enfim, com um preço destes para um livro como o Quixote não há desculpas para não ler um dos melhores livros de sempre, especialmente no ano em que comemoramos o facto de este texto existir e sobreviver, ano após ano, a leituras e releituras, continuando sempre a fazer sentido e a ser amado.
 
Resta-me acrescentar que este livro foi um presente do moço, a quem muito agradeço. Um Quixote a mais na prateleira nunca destoa, pelo contrário: faz todo o sentido e pede outro, e outro, e outro... Obrigada!
 
A propósito: acabei ontem de ler O Mundo do Fim do Mundo, de Luís Sepúlveda e com ele fica-nos mesmo a vontade de saber mais sobre aqueles lugares onde o mundo parece acabar. É um livro interessante que aborda temas ligados ao ambiente e à enorme destruição pela qual o Homem é, estupidamente, responsável. Mas, enfim, livro terminado é livro começado e o senhor que se segue nas minhas viagens de transporte público para o trabalho é... O Quixote. Precisamente. Chegou a altura de reler as duas partes do meu livro favorito. Está na hora de partilhar tempo com o herói que, com a sua triste figura, chegou onde muitos heróis catitas não conseguiram chegar. Palmilharei, portanto, de hoje em diante, terras manchegas juntamente com o par literário mais famoso de sempre e só não lutarei ao lado de D. Quixote contra os moinhos de vento porque, infelizmente, não tenho os olhos cheios de saborosa ilusão e vejo bem que não são gigantes.
 


 
Nota: Lerei o Quixote, mas não nesta nova edição porque é pesada e não dá jeito nenhum carregá-la diariamente na mala. Regressarei, em princípio, à edição de bolso em dois volumes publicada pela Relógio d'Água com a tradução de José Bento. A outra opção é a versão de Aquilino Ribeiro, publicada pela Bertrand. A decisão final não passa de amanhã!

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