sábado, 11 de abril de 2015

Patagónia

Na Patagónia, de Bruce Chatwin; Patagónia Express, de Luís Sepúlveda; O Velho Expresso da Patagónia, de Paul Theroux; Regresso à Patagónia, de Paul Theroux e Bruce Chatwin; Final de Romance na Patagónia, de Mempo Girardinelli; e, por fim, o menos óbvio O Mundo do Fim do Mundo, também de Luis Sepúlveda... Que têm estes livros em comum? Simples: uma região do globo chamada Patagónia e que, pelos vistos, desata a pena aos escritores.

Tenho todos estes livros, mas por agora ( e ao mesmo tempo que me dedico à autobiografia de Gabo) opto por ler o último dos que mencionei, aquele que tem o título menos óbvio, mas no qual um adolescente aventureiro consegue a permissão da família para viajar para sul, para o tal mundo do fim do mundo e, vamos lá, para a Patagónia. Até agora, uns quatro capítulos volvidos, estou a gostar do livro. Pomo-nos nos pés daquele miúdo que escolhe viver uma vida de aventuras "longe do tédio e do enfado" e vamos conhecendo os locais por onde passa e a verdadeira dimensão daquela aventura. Melhor: a ânsia pela viagem nasceu às mãos de um Tio (”assim mesmo, com maiúscula") que lhe apresentou os melhores livros de aventuras e, de entre eles, o grande Moby Dick, cujo capitão Ahab acabou de confirmar o desejo de evasão deste rapazito. E assim lá parte ele, tão para sul que as linhas de caminho de ferro deixam de ser uma possibilidade, tão para longe que precisará de provar que não é um mero adolescente foragido, tão para a aventura que entrará num baleeiro e, tal como Ahab, participará numa caça à baleia.

E, como em todos os livros de viagem, nós permanecemos sentadinhos no sofá enquanto ele sente a brisa marítima e o ondular das águas pelas quais desliza o baleeiro, enquanto ele observa a passagem do barco em que viagem pelo conhecido Estreito de Magalhães, ou enquanto ele distingue na distância as carcaças das baleias abandonadas junto à fábrica onde se trata de aproveitar tudo o que o cetáceo tem para aproveitar. Para mim, que aprendi nos últimos dois anos a gostar muito de livros de viagens, esta é a parte mais apaixonante: provavelmente nunca irei à Patagónia nem ao Estreito de Magalhães, nem a Punta Arenas, ou a Puerto Montt. Provavelmente nunca embarcarei no 'Estrella del Sur' e muito menos num baleeiro que ainda cace activamente grandes baleias, mas consigo imaginar um bocadinho como tudo seria se lá estivesse. É este o grande poder e a grande beleza dos livros de viagens e, no fim de contas, da leitura.


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