terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Dúvidas que me assolam VII

Tem estado frio, sim, mas ainda há margem para a coisa piorar. Que quero eu dizer com isto? Que noutros anos tivemos temperaturas mais baixas no mesmo período do ano. E sobrevivemos. Ora, eu vejo pessoal em Lisboa vestido para ter calor no Polo Norte! A minha dúvida é: se botam em cima do pelo cerca de 327 camadas de roupa, um gorro de lã, collants de lã, botas peludas, luvas e protectores de orelhas, o que raio vestiriam para andar na rua na Islândia? Na Sibéria? Chegavam o fogo a elas mesmas?

Bem sei que o meu termostato corporal tem um funcionamento esquisito (tiróides de um raio!!!), mas mesmo assim pergunto-me como é que essas pessoas conseguem mexer-se com tanta roupa vestida. E aposto que à noite vestem um pijama polar, deitam-se em lençóis polares, cobrem-se com edredões de grau térmico máximo e mesmo assim levantam-se de manhã e dizem “Porra, que esta noite esteve um gelo!”. Depois falecem um bocadinho quando entram para o banho, falecem mais um bocado quando têm de se vestir e só começam a ter pulso outra vez quando empilham sobre si a quinta camada de roupa. O auge do dia destes friorentos é chegar ao trabalho, ligar o aquecimento (porque aí o chefe é que paga a factura energética) e tirar o casaco. O cachecol fica, não vá a garganta andar ao léu e apanhar uma bicheza das que dão direito a um dia ou dois na cama. À hora do café, os friorentos reunem-se, aquecem as mãos já despidas de luvas na chávena quentinha e conversam uns com os outros sobre o frio. Invariavelmente, acabam a contar as camadas de roupa que cada um tem, enumerando e exibindo as pontas de cada manga para ninguém pensar que estão a mentir e, no fim, o detentor do maior número de camisolas ganha o tórrido rubor da vitória. Sempre aquece qualquer coisita. 

A verdade é que se isto fosse filmado e transmitido em Vinhais, aquelas pessoas escaqueiravam-se a rir e com razão. Está frio, sim, mas calma. Usar todo o guarda-roupa em simultâneo é capaz de não ser bonito nem confortável. Apenas vos transforma num chouriço e, convenhamos, essa não é a tendência para 2019. 

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