terça-feira, 15 de janeiro de 2019

A casa amaldiçoada

Lembram-se da saga “Roberto e a namorada furiosa”? Eu até deixava aqui os links para essas quixotadas, mas são 4:15 da madrugada e estou a escrever no telemóvel por isso não consigo. Em curtas palavras, numa das casas do prédio ao lado, mais ou menos ao nível da minha, uma jovem gritava frequentemente ao telefone com o seu Roberto pela noite dentro. E gritava coisas como “Roberto, eu não sou uma das tuas p****!” ou “Roberto, ouve-me, c******!” e, invariavelmente, a coisa acabava com ela a ter um ataque de nervos tal que o que se ouvia era um pungente grito de raiva capaz de se fazer ouvir em Cacilhas e, quem sabe, em Oliveira do Hospital. 

Bom, a “Saga Roberto”, como ficou conhecida por aqui, terminou. Ou a menina foi avisada de que aquilo era inadmissível e parou, ou mudou-se, ou está por aí amarrada numa árvore como o bardo do Asterix (se assim for, deixem-na estar). Porém, hoje fiquei a pensar que a casa poderia estar amaldiçoada. Reparem, como disse, passa pouco das quatro da manhã e eu estou acordada. Não é coisa muito normal. Ou não seria, se não fosse o facto de, da mesma casa, surgir agora um latido e uns uivos constantes. É a primeira vez que acordo com este cãozinho zangado e, das duas uma, ou a namorada do Roberto se transformou num cão e continua a reclamar com ele, agora de forma codificada para outros humanos não terem de ouvir tantas barbaridades, ou há por ali um cãozito a precisar de qualquer coisa. Se a hipótese correcta for esta última, a solução é eu partir a parede e ir lá, porque o dono deve ser surdo ou então não está em casa. É que estamos nisto há mais de trinta minutos e ainda não dei por ninguém a ir sossegar o bicho. 

De caminho, Lady Gatica também foi acordada do seu sono de beleza e, apanhando-me de barriga para cima, entendeu que eu era o melhor colchão que poderia arranjar para dormir mais umas horas e para recuperar da violência que foi ser acordada por um cão. Portanto, neste momento, o canito não se cala e eu não posso mexer-me da cintura para baixo. Ao menos tem a decência de ronronar muito, o que funciona quase como uma massagem de relaxamento, e isso até é bom. 

E pronto, é isto a minha vida. Acho que aquela casa está amaldiçoada. Ou então sou eu que tenho uma sorte do catano. O pior é que, agora, o meu estômago começou a roncar: está pronto para o pequeno-almoço. Mas são 4:28 da manhã... E há uma Gatica que não me deixa mexer. Ai, problemas, problemas!

Notinha: E o problema que vai ser levantar-me às sete?! Cãozinho lindo... Grrrrrrrr!

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