No outro dia, depois de sair da faculdade, ouvi uma menina (que vinha de outra faculdade, onde por acaso andei) falar ao telemóvel com um amigo. Estava indignadíssima com o comportamento de um dos seus novos professores na primeira aula do ano. E o que fez o senhor? Bem, talvez seja melhor explicar o que fez a menina.
A menina dirigiu-se no início da aula ao professor e disse aquilo que eu NUNCA diria a um professor: perguntou-lhe se a aula dele ia demorar muito porque ela tinha de ir praxar e se podia não estar presente na aula (para ir praxar, claro). Acho que até gelei ao imaginar que alguém teve o desplante de dizer o que ela disse a um professor universitário. Ele ter-lhe-á respondido que ainda ia demorar um pouco e que não sabia se o regime de faltas poupava os membros da comissão de praxes, pelo que a donzela foi sentar-se muito contrariada e a achar o professor a maior das bestas.
E a menina ia continuando a contar a saga ao amigo. O docente terá passado as míticas fichas de identificação dos alunos, que a menina preencheu, e deve ter passado e explicitado a bibliografia da disciplina. Depois disto, voltou a perguntar se já podia sair. Ainda faltava uma hora e meia para acabar a aula. Pelo que a menina disse, haveria dentro da sala uma outra professora que terá dito que se ela já tinha feito tudo, poderia sair que não haveria problema.
Isto foi tudo contado ao amigo pelo telemóvel e a menina ainda explicou, entre insultos e palavrões, os trabalhos que o professor pediu para avaliação, que ela considerou um abuso. Por isso pediu ao amigo os trabalhos que ele tivesse do ano anterior para que «mesmo que não ficasse igual, servisse de base» ao trabalho dela.
Não vou tecer grandes comentários sobre o assunto. Vou apenas dizer que os professores universitários, que durante muito tempo viveram uma santa paz, veem agora chegar às universidades gente que utiliza o superior como forma de prolongar a adolescência e a diversão entre amigos. Estudar é secundário. Em muitos casos os pais pagam e, felizmente, no superior os testes já não têm de ser assinados pelos pais. Senti pena do professor que se deparou com esta menina: a Universidade já não é, tristemente, aquilo que era.
Epá... doeu. Há prioridades, praxe é bom sim senhor mas há que lembrar que a universidade é para tirar um curso.
ResponderEliminarHoje em dia o papel da Universidade é, na cabeça de muitos, muito diferente daquele que devia ser. Podem divertir-se, mas no fim de contas têm mesmo é de estudar.
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