quinta-feira, 3 de abril de 2014

«Star Quality»

A sério que as pessoas que vão aos programas «caça talentos» acreditam mesmo que vão conseguir uma carreira artística a nível nacional e internacional? Mas a sério?!

Há bocado estava de televisão ligada e ouvi um anúncio ao programa da RTP «The Voice» (ou coisa que o valha). Lá vinha a vozinha que dizia que se procurava o novo talento para uma carreira nacional ou internacional. Ora, enquanto arrumava a cozinha, ia pensando nisso e digam-me lá vocês: de todos os «Ídolos», «Operações Triunfo» e coisas que tais, quantas carreiras internacionais nasceram? Pior: quantas carreiras (dignas desse nome) tiveram início? Contam-se pelos dedos de uma mão e julgo que sobram dedos...
 
Portanto não percebo para quê alimentar ideias de grandeza que, sinceramente, não se concretizam. As pessoas que têm talento para cantar e dançar procuram todas as formas de vingar num meio que, na maior parte das vezes, valoriza mais o aspecto físico do que a qualidade da voz e o jeito para cantar. E por cá isso é flagrante: quem não se recorda de, nos «Ídolos», os membros do júri dizerem a uma miúda gira «Tens star quality.». Por acaso a Susan Boyle tinha aspecto de artista jeitosa que é um deleite para a vista? Mas tinha ou não tinha uma voz do caneco? Ah, pois... Mas nós gostamos de ver gente gira e morra o resto.
 
Assim, respeito quem recorre a estes programas na esperança de ver o seu talento reconhecido, mas lamento que muitos partam a acreditar numa oportunidade que não surgirá. Nunca surgiu e não me parece que seja agora. Já ouvimos tantas vozes boas, já vimos uma Luciana Abreu mostrar um vozeirão que nunca mais acaba e depois andar por aí, a fazer isto e aquilo, mas nada que possa configurar na categoria de carreira internacional. Façam, portanto, os programas que quiserem e concorra a eles quem assim desejar, mas não se iludam com subidas súbitas aos mais altos patamares da fama que para esse peditório, parece-me, Portugal ainda não dá.

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