segunda-feira, 28 de abril de 2014

Gente contada


Ora reparem lá nó último parágrafo da primeira coluna. Já está? Porreiro. Agora expliquem aqui à menina o que é "Quase um milhão de gente". E já agora esclareçam-me: desde quando a "gente" começou a ser contada? 

Ah, a propósito, este excerto que aparece na foto é do jornal Público de hoje. Bom...

quarta-feira, 23 de abril de 2014

As batatas daquela famosa cadeia de restaurantes

Ah ah ah! Muito bom! No Canal Q está a passar a seguinte frase em rodapé: "Receita revelada de batata frita do Mcdonald's confundida com relatório de Fukushima." Faz sentido, sim senhor, pois se considerarmos que batatas fritas são usualmente batatas fritas em óleo ou azeite e temperadas com uma pitada de sal, a receita divulgada é assustadoramente longa e com nomes que fazem tremer qualquer médico. Desde coisas para intensificar a cor das batatas até um derivado de silicone há la de tudo. Quem lê a lista dos ingredientes chega ao fim e até se esquece de ver por lá a batata. Bem, as batatas fritas do Mcdonald's sabem bem, são salgadinhas e estaladiças e pegam-se lindamente aos molhos que também podemos comprar no restaurante, mas... Perante a receita divulgada, a frase do Canal Q chega a ir além da piada (que é boa) e a quase parecer realidade. 

Comamos, pois, batatas fritas feitas em casa e deixemos as experiências químicas para quem delas percebe.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

De volta aos clássicos

Depois de um romance f-a-n-t-á-s-t-i-c-o de Somerset Maugham intitulado Mrs. Craddock (não deve ser fácil de encontrar, mas merece bem ser procurado), eis-me de volta aos clássicos. Resolvi render-me a um romance de capa e espada cujo conteúdo toda a gente conhece bem, embora a maioria não o tenha lido. De vez em quando, ao ler o nome do jovem aspirante a mosqueteiro, d'Artagnan, lembro-me das duas séries de desenhos animados que em pequena via e que adaptavam este romance de Dumas. Tem piada ler a cena de um duelo e lembrar-me do D'Artacão e do seu focinho simpático... Enfim, é por aqui que andarei por hoje, com Athos, Porthos, Aramis, d'Artagnan e o Sr. de Treville por companhia. Ah! E um balde de pipocas doces do Continente (que são divinais). 

Bom feriado, minha gente!


Gabriel García Márquez

Soube ontem que faleceu um dos melhores escritores que este mundo já viu. Gabriel García Márquez, ou Gabo, como carinhosamente o chamavam, criou mundos absolutamente admiráveis através das suas palavras, histórias inspiradas pela sua terra natal, por gentes e lugares bem longe daqui. 

Li o magnífico Cem Anos de Solidão e, ao concluir a última página, tive uma sensação semelhante àquela que tive quando terminei o Dom Quixote: "Caramba, está aqui tudo!". E estava verdadeiramente. Nessa obra-prima das letra são muitas as personagens e poucos os nomes, já que existem nomes repetidos (a maioria das edições segue com uma árvore genealógica para dar uma ajuda ao leitor), mas cada uma dessas invenções de Gabo é única. A matriarca Úrsula parece viver mais de cem anos e gere aquela casa louca com admirável firmeza. Remédios a Bela nem sequer morre como as outras pessoas, de tão etérea que é. O Coronel Aureliano Buendía é um homem de guerra, bruto e corajoso, mas depois tem umas mãos suficientemente delicadas para dedicar-se a fazer peixinhos de prata. O patriarca e fundador da aldeia parte em busca do mar e não o encontra: tropeça, um dia, nele quando já não esperava encontrá-lo. E no fim tudo desaparece como se nunca tivesse existido a família Buendía. Pela mão de Gabriel García Márquez nascia, assim, o realismo mágico que nos vai encantando nos seus livros e nos de outros que lhe seguiram os passos. 

Com a obra de Gabo fiz o mesmo que com a de Saramago: prefiro lê-la vagarosamente, porque prefiro saber que ainda vou poder apreciar pela primeira vez este ou aquele livro do que dizer que já li tudo, já conheço tudo, nada de novo virá. Ainda que sejam ambos escritores em que cada leitura é uma nova leitura muito mais do que uma releitura, este "modo poupança" é a prova de que lê-los é um prazer infindo e de que lê-los pela primeira vez é ainda melhor.

Gabo já não estava de boa saúde há muitos anos. Não direi que foi melhor assim porque nunca é. A única coisa que sei é que as letras perderam um dos seus melhores artífices, mas que quando isso acontece, ficam sempre os seus livros, as suas histórias e as personagens arrebatadoras que tão brilhantes cérebros puderam criar. Vem hoje num jornal que é de Gabriel García Márquez o segundo livro mais popular de língua espanhola (o primeiro é o Quixote). Uma coisa assim não se esquece e, deste modo, os nossos próximos cem, duzentos, trezentos, mil anos serão não de solidão, mas de boa companhia, pois connosco estarão as palavras de Gabo, tal como as de Cervantes nos acompanham há mais de quatrocentos anos. É isto que ainda conforta: o que é realmente bom não tem prazo de validade.


quinta-feira, 17 de abril de 2014

Manhã felinamente natalícia

Desde que se mudou para cá um gato, o meu dia começa com cheiro a ração, com a limpeza da caixa de areia e com o encher da tacinha da água. Dia sim dia não a rotina envolve também fazer o gato lamber um composto que o ajuda a não ter bolas de pelo. Felizmente ele gosta e a coisa corre bem.
 
Ora, esta bola de pelo nem é muito comilona, mas nem por isso abdica do seu quinhão diário de ração e de uma saqueta húmida ao Domingo. Desde que fez o desmame que come a comida da Royal Canin e, como era isso que comia antes de eu o trazer para casa, é nisso que continua. Quem já é conhecedor destas coisas saberá que existem, na comida para animais, as rações de gama alta e as outras. A Royal Canin, bem como a Hill's, são algumas das primeiras e, bom, como tudo o que tem qualidade, fazem pagar-se bem. Mas, enfim, sabendo que uma ração de qualidade pode fazer milagres pela saúde do bicho, faz-se o esforço. O problema é que nas lojas de animais, um saco de quatro quilos de ração seca ultrapassa os quarenta euros e, sei-o agora, aguenta-se durante dois meses e uns três ou quatro dias. Se não existisse outra solução, bem que tinha de ir suportando o gasto enquanto pudesse. Felizmente, um amigo do meu moço falou-nos da Tiendanimal, uma loja online de comida e utensílios para animais domésticos. Os preços são de cair para o lado. Um saco de quatro quilos de ração Kitten da Royal Canin custa nesse sítio menos vinte euros do que numa loja física em Portugal. Faz toda a diferença. E se fizermos compras acima de um determinado valor (não me recordo de qual), os portes são gratuitos. E como a nossa encomenda ultrapassou os sessenta e nove euros (fizemos por isso, ao comprar um ratinho de borracha extra), ainda recebemos de oferta uma caixa de transporte para o mafarrico peludo. Para ele a manhã de hoje foi de Natal. O tonto parecia saber que aquilo era tudo para ele. Abotoou-se ao rato como se o mundo estivesse perto do fim e não parou de se atirar para a muita comida que já tem para os próximos meses. Enfim, se quiserem reduzir um pouco os gastos com os vossos animais, aconselho a Tiendanimal. A entrega correu bem, chegou tudo inteirinho e em excelentes condições e, claro, o preço foi metade do que teria sido noutro lugar.

Obras

Hoje, por misericórdia divina, não trabalho. Estou, portanto, na caminha. E perguntam vocês: e por que raio estás tu na cama a escrever uma quixotada? Nada mais simples de responder: porque neste prédio fazer obras virou moda, independentemente da hora ou do dia. Chega a ser espantosa a quantidade de papéis que aparecem nos elevadores a informar do início de novas obras. Há um na entrada do prédio que informa que "no dia dezassete de fevereiro iniciar-se-ão obras" no apartamento tal tal. A coisa é de tal forma aborrecida e demorada que alguém, na semana passada, acrescentou à mão nesse mesmo papel a exclamativa frase "Já não se aguenta!"  Pois não, claro que não. Façam obras à vontade que eu acho muito bem. Quem trabalha no ramo precisa de ganhar uns trocos. Mas, por favor, esperem pelas nove horas para dar início aos trabalhos. É que com tanto barulho, um dia de lazer passa a assemelhar-se bastante a um dia de trabalho. Só me falta ouvir garotos aos berros para me sentir a trabalhar. Caramba!

terça-feira, 15 de abril de 2014

Os Peixes Também Sabem Cantar

Sem saber que era do mesmo autor de O Sino da Islândia, que tenho na fila para uma leitura atenta, comprei este Os Peixes Também Sabem Cantar, do Prémio Nobel da Literatura Halldór Laxness. Gostei da sinopse, mas gostei principalmente do início do livro. Já aqui disse que as primeiras frases me levam tanto a comprar um livro (ou mais) que o resumo da contracapa. Uma boa primeira frase é tudo. Lembro-me de que foi pelo início de O Grande Gatsby que primeiramente me apaixonei por ele. Acredito que seja cruelmente difícil escrever um primeiro parágrafo que automaticamente leve o leitor a sentir-se obrigado a levar o livro para casa, mas, felizmente, há quem o consiga. Há escritores excepcionais, com um domínio invejável da palavra e das estratégias narrativas que conseguem com meia dúzia de palavras colar os leitores às páginas dos seus livros. Adoraria ter esse dom, nem que um pouco mais modesto, mas não fui fadada para incursões literárias e muito menos para bons começos. Tristeza.
 
Deixo-vos o início do livro.
 
«Um sábio disse uma vez que, para além de perder a mãe, não há nada mais saudável para uma criança do que perder o pai. Embora, com toda a franqueza, eu jamais pudesse subscrever semelhante afirmação, seria a última pessoa a rejeitá-la liminarmente. Naquilo que me diz respeito, se enunciasse uma doutrina do género, esta não denotaria qualquer vestígio de amargura em relação ao mundo, ou, melhor dito, não traria consigo a mágoa que implica o mero som destas palavras.»
 
 

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Como disseste?!

Após quase três meses de aulas a ensinar Os Lusíadas a uma turma do nono ano, hoje, realizando exercícios numa aula extra de preparação para exame, a pergunta a responder era "Quem é o herói d'Os Lusíadas?".

Preparei-me para a resposta obviamente correcta que viria de lá e até me recostei na cadeira distraidamente. A pergunta era de resposta tão fácil ao fim de tanto tempo de epopeia camoniana que metia nojo. Pois lá veio resposta, completa e tudo: "O herói de Os Lusíadas é Ulisses."

Até me engasguei. Como? Quem? Os Lusíadas? OS LUSÍADAS??? Os descendentes de Luso? Os que partiram da "ocidental praia lusitana"? GOD!

Respondi: "Não, querida, o Ulisses tem uma epopeia só para ele. Esta é nossa: é do povo lusitano. Daí o nome que tem...". A menina olhou para mim com um misto de embaraço e de riso. Eu, por meu lado, hiperventilei e soltei uns palavrões mentais. Caramba, o herói de Os Lusíadas é daquelas coisas que toda a gente sabe, principalmente gente que vai a exame nacional daqui a dois meses. Estou bem tramada, estou...

quinta-feira, 3 de abril de 2014

«Star Quality»

A sério que as pessoas que vão aos programas «caça talentos» acreditam mesmo que vão conseguir uma carreira artística a nível nacional e internacional? Mas a sério?!

Há bocado estava de televisão ligada e ouvi um anúncio ao programa da RTP «The Voice» (ou coisa que o valha). Lá vinha a vozinha que dizia que se procurava o novo talento para uma carreira nacional ou internacional. Ora, enquanto arrumava a cozinha, ia pensando nisso e digam-me lá vocês: de todos os «Ídolos», «Operações Triunfo» e coisas que tais, quantas carreiras internacionais nasceram? Pior: quantas carreiras (dignas desse nome) tiveram início? Contam-se pelos dedos de uma mão e julgo que sobram dedos...
 
Portanto não percebo para quê alimentar ideias de grandeza que, sinceramente, não se concretizam. As pessoas que têm talento para cantar e dançar procuram todas as formas de vingar num meio que, na maior parte das vezes, valoriza mais o aspecto físico do que a qualidade da voz e o jeito para cantar. E por cá isso é flagrante: quem não se recorda de, nos «Ídolos», os membros do júri dizerem a uma miúda gira «Tens star quality.». Por acaso a Susan Boyle tinha aspecto de artista jeitosa que é um deleite para a vista? Mas tinha ou não tinha uma voz do caneco? Ah, pois... Mas nós gostamos de ver gente gira e morra o resto.
 
Assim, respeito quem recorre a estes programas na esperança de ver o seu talento reconhecido, mas lamento que muitos partam a acreditar numa oportunidade que não surgirá. Nunca surgiu e não me parece que seja agora. Já ouvimos tantas vozes boas, já vimos uma Luciana Abreu mostrar um vozeirão que nunca mais acaba e depois andar por aí, a fazer isto e aquilo, mas nada que possa configurar na categoria de carreira internacional. Façam, portanto, os programas que quiserem e concorra a eles quem assim desejar, mas não se iludam com subidas súbitas aos mais altos patamares da fama que para esse peditório, parece-me, Portugal ainda não dá.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Sê bem-vindo!

 
Pelo que percebi, o livro novo só chegava hoje às livrarias. Bom, encomendei-o no sábado em pré-venda e chegou esta manhã. Está, por isso, fresquinho, fresquinho. Tanto que o gato já tomou posse, como bem se pode perceber. Juntamente com o livro veio um pequeno livro com dois contos do mesmo autor, escritos a propósito de algumas das personagens destes novo romance. Obaaaa, um livrinho novo! E do João Tordo! Duplo oba!