quinta-feira, 20 de março de 2014

Do famigerado Festival da Canção

O Festival da Canção já foi há uns dias, mas só agora recuperei do choque e por isso só agora falarei no assunto. Em primeiro lugar, importa dizer que para fazer tamanha caca, valia mais estar quieto e poupar o dinheirinho que um programa assim ainda custa. Para sair dali uma Susy que vai representar o país com uma música pimba e cuja letra não faz sentido, valia muito mais terem passado os serões que ocuparam com o festival a passar programas sobre tricô. Mas, enfim, lá vamos caindo no mesmo erro e lá vamos nós quais cordeirinhos para o matadouro da Eurovisão. Honestamente, aquela música não será pior do que outras que por lá aparecerão noutras línguas e de outros países, mas isso não abona nada em favor dela. Pelo contrário. Em vez de tentarmos ser melhores, conseguimos sempre ir piorando e piorando...

Quando soube de tudo isto, encontrei uma grande ironia nesta situação. Em Portugal, as músicas do Festival da Canção (e, depois, da Eurovisão) já significaram bastante, já tiveram significados ocultos quando nem tudo se podia dizer. Em tempos passados, tivemos Simone de Oliveira a cantar que "quem faz um filho fá-lo por gosto", escandalizando o portugalzinho de então. Uma das músicas cantadas no festival foi SENHA PARA A NOSSA REVOLUÇÃO. Muitos de nós nem sequer éramos nascidos quando algumas das melhores canções por lá passaram, mas conhecêmo-las e reconhecêmo-las com carinho porque fizeram sentido na altura em que nasceram e porque tinham força. Eram bem escritas, bem tocadas e queriam efectivamente dizer alguma coisa. Agora o que temos é alguém meio despido a dizer "quero ser tua como a lua é do luar" (sic). Imaginem só, mas imaginem mesmo que o 25 de Abril era amanhã e que a senha para o início da revolução era esta pérola... Cá para mim já nem avançavam os militares: limitar-se-iam a desligar os rádios.

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