Ontem um jornal diário trazia uma chamada de capa para uma notícia que dá conta de que cada vez mais famílias optam por fazer o seu Natal em hotéis.
Já noutros anos se falou disto e torci sempre o nariz. Desta vez resolvi pensar um pouco mais no assunto. No fundo, torcia o nariz porque achava que o Natal é festa demasiado pessoal e íntima para ser passada num lugar tão impessoal quanto um hotel. Mas vamos lá ver: algumas pessoas (não todas, claro) poderão optar por um hotel para passar a consoada porque lá terão espaço para ter toda a família à mesa; porque poderão escolher um hotel que esteja bem situado para todos e que não implique que uma grande parte da família faça uma enorme deslocação para a casa dos anfitriões; porque escolhem não passar dois dias na cozinha, delegando esse trabalho no hotel, aparecendo-lhes depois tudo pronto na mesa. Enfim, pode haver várias razões e algumas até fazem sentido. Há famílias grandes e há casas onde essas famílias não cabem. Podendo pagar por isso, o hotel pode ser uma opção. Conheci uma pessoa que todos os anos juntava mais de quarenta pessoas à mesa do Natal. Escusado será dizer que aquilo não era uma mesa, era um jantar volante, em que cada um andava de prato na mão. Além disso, há pessoas que não têm tempo ou vontade de passar horas e horas na cozinha a preparar os petiscos natalícios. Se para muitos é um gosto fazê-lo, para muitos outros é tarefa dura e dispensável. Portanto, optam por outras soluções.
Eu não gostaria de passar o Natal num hotel. Gosto muito do aconchego da nossa casa, de sentar ora aqui ora ali, de namorar a árvore de Natal, de ver os gatos enlouquecidos por verem tanta gente, gosto do cheiro dos cozinhados, gosto da azáfama... Gosto de tudo, mesmo que acabe o Natal esgotada (e os gatos também, já que geralmente, a seguir à festa, dormem quase vinte e quatro horas seguidas). Mas se antes não compreendia mesmo quem optava pelo hotel, agora até já percebo. O importante é que sejamos todos felizes.
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