Madrid é já aqui ao lado, mas mesmo assim encontramos diferenças abismais nos hábitos e nos gostos de lisboetas e de madrilenos. A parte da alimentação é uma daquelas em que isso é mais visível, tanto nos pratos próprios da gastronomia de cada cidade quanto nos horários em que as refeições acontecem.
Ainda não tenho fotografias minhas para mostrar-vos, mas um dos elementos causadores de maior estranheza nos dez dias que passei em Madrid foram as belas das “croquetas”. Logo na primeira noite, no dia em que chegámos à cidade, saímos para jantar. Felizmente o hotel estava muito bem situado (nada como da primeira vez em que lá fomos, em que era longíssimo do centro) e havia muitos restaurantes ali por perto a que pudéssemos ir sem precisarmos de transporte. Eu, antes de irmos, tinha andado a espreitar a zona no Google Maps e sabia que havia uma cervejaria com bom aspecto subindo um pouco uma das ruas ao lado do hotel. Lá fomos nós e no momento de escolher o que comer, lembrei-me da série Cuéntame e das famosas “croquetas” da Paquita. Além disso, tinha lido não sei onde que as “croquetas” eram uma das iguarias de Madrid, principalmente as de “jamón”. Assim sendo, lá pedimos um prato daquilo para provarmos, convencidíssimos de que haveria de ser algo muito parecido com os croquetes portugueses.
Meus caros, foi um erro. Apesar de sermos países vizinhos, de estarmos na capital do país aqui ao lado, as coisas podem ser realmente MUITO diferentes. Bastou abrir uma das “croquetas” para perceber que aquilo não ia correr bem. O recheio era branco e tinha um ou outro pedacinho de “jamón”. Comemos aquilo a custo (a cervejaria era um pouco cara e só a brincadeira das “croquetas” custava doze euros), tivemos de pedir mais outras coisas porque só aquilo não chegava para jantar, especialmente depois de um dia que tinha começado antes das três da manhã, com pouquíssimas paragens para comer. Fiquei enjoadíssima e quando cheguei ao hotel corri para o bar e pedi... um sumo de laranja natural. Precisava de sentir vitamina C a entrar-me no corpo para fazer-me esquecer aquela gordura todas das “croquetas”.
Uns dias depois, ao folhear o guia de viagens sobre Madrid, encontrei um apontamento sobre as famosas “croquetas”. Se o tivesse lido, talvez tivesse evitado uma das piores experiências gastronómicas da minha vida, mas também perderia a experiência de um choque cultural com o país do lado. É que enquanto os nossos croquetes são feitos de carne picada, panados e fritos, os deles são feitos com um molho bechamel espesso no qual são largados uns (poucos) pedacinhos de presunto, bacalhau ou outra coisa qualquer. Depois pana-se aquilo e frita-se. Para quem sabe bem o que é molho bechamel, é fácil imaginar os níveis de gordura que aquilo já tem ainda antes de ser frito (imaginem depois de passar pelo óleo ou pelo azeite). Foi, de facto, uma desilusão. Mas serviu-me para perceber que nunca mais pedirei “croquetas” em lado nenhum e que a Paquita até podia ser muito boa a fazê-las na série, mas continuo a preferir os bons croquetes portugueses, feitos pela mãe do meu moço.
Nota: Não foram estas as que provei porque ainda não tenho comigo as fotos. Mas dá para terem uma ideia. A imagem saiu daqui.
oooh, a sério? Eu adoro 'croquetas'! (mas admito que seja em parte porque me sabem à infância) Quando era pequena tínhamos uma empregada que tinha vivido em Espanha e fazia as melhores 'croquetas' do MUN-DO! Não me lembro de as ter comido em Espanha mas tenho a certeza que comi em restaurantes de comida espanhola algures no mundo e continuo a gostar...não sabem igual mas conta a intenção :)
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