quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A adolescente malcriada

Sim, ando fugida. E tenho todos os dias tantas coisas para vir aqui contar, mas depois sofro de falta de tempo, uma condição extremamente enervante, mas inevitável em época de avaliações.
 
Na sexta-feira assisti a uma cena extraordinária. Duas jovenzinhas ali pelos dezasseis anos têm um histérico ataque de riso e, por entre gargalhadas, iam repetindo qualquer coisa como «esarguete com bipana». Apercebi-me pouco depois de que a risada se devia a uma mensagem recebida com este mesmo texto. As duas meninas riam a bom rir, soltando uma delas uns «grande otária» e outras pérolas de tal nível. Por acaso, ao ouvir aquilo, lembro-me de até pensado «coitada da amiga que lhe mandou aquilo: quando mandamos mensagens a alguém não sabemos a reacção de quem as recebe e, sem sabermos, podermos estar tranquilamente a ser gozados...». Mas, minha gente, o que eu pensei não interessa nada depois do que se seguiu. A menina que recebeu a mensagem e que dizia «otária, otária, é mesmo otária» decidiu ligar a quem lhe enviou a mensagem. Ora, de repente, todas as pessoas que se encontravam naquele espaço público e que assistiam à cena gelaram ao ouvir:
 
- Ó mãe, tu viste a mensagem que me mandaste?!
 
Sim, a «otária» era a mãe da menina. À pergunta por sms sobre o que seria o jantar naquela noite, a senhora enviou uma resposta com gralhas. É verdade que aos dezasseis anos tudo tem o condão de desengatar a marcha do riso, mas daí ao «otária» parece-me que vai um bom bocado. Enfim, a menina não teve quaisquer problemas em, ao telefone, chamar a mãe de burra, de analfabeta, de otária e outros brindes que tais, sempre no meio de gargalhadas e com a amiga a assistir (e o resto das pessoas todas que se encontravam por ali e de bocas escancaradas). A mãe acabou por desligar o telemóvel na cara da filha e a menina não se fica por ali. Diz para a amiga «Ganda vaca, desligou-me o telefone na cara!». Imaginem como estávamos todos os que, inevitavelmente, acabámos a assistir àquela demonstração de idiotice, foleirice e extrema má educação. Lá torna a parvinha a ligar à mãe para gozar mais um bocadinho com ela «Mãe, mãe, tens equilíbrio? Agarra-te à linha! Ah ah ah, esarguete com bipana... És mesmo analfabeta! Ao menos não sou analfabeta como tu. Que otária!».
 
Enfim, a cena foi neste tom até que, felizmente, deixei de partilhar o mesmo espaço com a criatura e, por isso, não sei dizer-vos como continuou. Mas ainda bem, porque estava a segurar-me para não chamar a menina e dizer-lhe «Minha querida, educação não lhe posso dar já que é, nitidamente, um caso perdido e um enorme desperdício de oxigénio, mas posso com pouco esforço mostrar-lhe que é capaz de coisinhas bem piores do que um 'esarguete com bipana' que pode muito bem ter sido resultado de uma mensagem escrita rapidamente num telemóvel. Agora, vamos até ali, faço-lhe um ditadinho ou duas ou três perguntinhas e vemos se é analfabeta ou não. E de caminho, partilhe comigo o número de telemóvel da sua mãezinha para eu lhe dizer que todos os desgraçados que assistiram ao seu excelente desempenho enquanto canastrona malcriada torcem bastante para que ela lhe rebente os dentes à porrada esta noite, com a 'bipana' ainda congelada de preferência.»
 
Pronto, já destilei a raiva. Agora digam-me se não vos apetece desfazer também a criaturinha?...

6 comentários:

  1. Acho que essa má educação (sem cura possível) tem dedinho da mãe. Se eu algum dia tivesse só sonhado fazer uma ínfima parte do que descreves, à minha mãe, tinha levado um borracho assim que me aproximasse de casa e talvez ficasse de castigo... até aos 18 anos.
    Para as coisas chegarem a um extremo desses atrevo-me a dizer que a mãezinha encolheu os ombros e nem voltou a falar do assunto com a criatura mal-educada.

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    1. Não tenho dúvidas nenhumas de que se a menina é assim, a mãe terá, provavelmente, alguma culpa. Ainda assim, a vontade de dar um apertão à menina sobrepõe-se a isso tudo. Foi uma cena surreal!

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  2. O que já me ri. Adoro a conclusão do que dirias à mãe da menina. Estava a precisar de soltar esta gargalhada :-)

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  3. Tenho aqui duas colheres de chá a perguntar pelos olhinhos da criatura.

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    1. Eheh... Eu tenho, desde aquele dia, a mão a ferver de vontade de lhe ensinar como é que se fala com a mãe...

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  4. Começo a achar que deviam alargar isso da «idade certa» até mais tarde. É que naquela idade ainda merecia e podia levar três ou quatro bofetadas e umas quantas malaguetas na língua.

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