terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Os nove milhões

Portanto, a ver se eu entendo: há quem ache que dar menos bolsas de doutoramento e de pós-doutoramento faz sentido, mas que gastar nove milhões de euros num referendo que podia perfeitamente não existir se quem nos representa decidisse de uma vez a questão é muitíssimo pertinente e algo a considerar. Portanto, para o desenvolvimento das ciências e das humanidades (sobretudo para essas) o dinheiro não chega e não tem de chegar, mas para se fazer uma ramboia que mais não é do que empurrar um assunto sério com a barriga o dinheiro já sobra?
 
Minha gente, tomai juízo e arranjem coragem para dizer «sim» à adopção e à co-adopção homossexual. Deixem-se de coisas: podem perguntar ao país e rezar para que o «não» vença, até porque, num país conservador como o nosso, isso é o mais provável; mas o ideal era que pensassem nas crianças e vissem que entre não ter família nenhuma e ter pais homossexuais, a questão nem se coloca. Evitem gastar desnecessariamente nove milhões só para não serem vocês a decidir uma coisa que vos custa a decidir. O dinheiro faz muita falta num país onde a manta já está tão curta que não tapa nem a cabeça nem os pés. Poupem o nosso dinheiro e percebam que as famílias de hoje já não são as de há cem anos, mas que isso nada tem de mal. Ou então, façam o referendo aos miúdos institucionalizados ou aos que vêem a possibilidade de perderem um dos pais por inexistência de co-adopção homossexual: tenho a certeza de que os principais interessados nos elucidariam muitíssimo bem.

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