tag:blogger.com,1999:blog-4833173742531479716.post1207961517687350485..comments2023-10-21T09:20:23.950+01:00Comments on As Minhas Quixotadas: A vida no bolsoasminhasquixotadashttp://www.blogger.com/profile/13220232615312157547noreply@blogger.comBlogger5125tag:blogger.com,1999:blog-4833173742531479716.post-79507718544086065712017-02-06T21:55:23.000+00:002017-02-06T21:55:23.000+00:00Isso é mesmo assim, e é assustador. É inconcebível...Isso é mesmo assim, e é assustador. É inconcebível para as outras pessoas que tenhamos a desfaçatez de querermos algum tempo só para nós. Temos que estar sempre disponíveis para colegas, clientes e patrões, até familiares!, e nada justifica não ouvir ou ver uma chamada o um e-mail. Eu bem tento, mas às vezes não dá.<br />*****Nightwish*https://www.blogger.com/profile/02628279990975460113noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4833173742531479716.post-5597093130981037942017-02-04T15:11:33.022+00:002017-02-04T15:11:33.022+00:00Obrigada. Vou ver isso. :)
Sim, é mesmo um tema s...Obrigada. Vou ver isso. :)<br /><br />Sim, é mesmo um tema sem fim. Principalmente porque acho mesmo que muita gente não se apercebe de quão envolvida está nesta «vida de bolso». Quando se apercebem já estão de cabeça desfeita. Eu fiquei assim mesmo. Sinto saudades dos meus alunos (alguns foram meus alunos do 6.º ao 10.º ano, vi-os crescer dia após dia), mas é apenas disso que tenho saudades. A pressão constante, o medo que já sentia de que tudo descarrilasse num único email, o medo de usar as palavras erradas numa resposta a um email já me estavam a matar. Um dia, antes de ir trabalhar, cometi o erro de ver o email. Tinha um que era um ataque ao meu profissionalismo (quando na realidade punha em evidência o facilitismo que as altas ‘patentes’ queriam que eu adoptasse). Aquilo enervou-me tanto que me fui abaixo. Ainda não sei como fui trabalhar nesse dia e não fui directa para a urgência. O coração batia como doido e eu só conseguia chorar. Estava desfeita. Foi nesse dia que o meu moço percebeu a dimensão do problema e disse que acabava ali: acabando o meu contrato entregaria a carta e sairia, ficar doente devido ao trabalho e à pressão constante é que não. E assim foi. <br /><br />Não sabia que tinha ficado tão marcada pela experiência. Só quando saí dela é que me caiu verdadeiramente tudo em cima. Nunca poderia fazer como o teu namorado porque mesmo desligando em casa, o ambiente lá era tão mau que não dava mais. Por isso olha, desempregada, mas mais feliz. Com menos trocos no bolso, mas sem medo do telemóvel. Ando a viver uma vida que não guardo no bolso e isso é, apesar de tudo, muito bom. asminhasquixotadashttps://www.blogger.com/profile/13220232615312157547noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4833173742531479716.post-89071680199938661662017-02-04T11:40:11.580+00:002017-02-04T11:40:11.580+00:00Este tema dava pano para mangas.
O caso do meu na...Este tema dava pano para mangas. <br />O caso do meu namorado era de loucos também. O telemóvel estava constantemente a vibrar com mensagens do Skype e com emails. Estás a ver a diferença horária que existe entre Portugal e os Estados Unidos. Pensas que isso interessava, que alguém se importava que era de noite aqui? E claro, ele respondia porque tem brio no que faz e porque tem sentido de responsabilidade. Não sei como não teve um início de esgotamento. Ele tem muito bom feitio, sempre alegre, às 6 da manhã já está a fazer piadas apesar de ter sono e não se aborrece com certas coisas apesar de muitas vezes ter motivos para. E ainda assim uma noite fui dar com ele à porta a calçar os sapatos para ir trabalhar. Estava lindo de pijama e sapatos! Cheguei a dizer-lhe que se ele fosse pai nunca veria as crianças.<br />Claro que todos temos contas a pagar, mas nada paga a nossa saúde e o nosso bem-estar. Tu tomaste uma decisão muito corajosa e percebeste o teu limite. Isso é tremendamente importante e de muito valor. Como já te disse, agora ele chega a casa e faz o que lhe apetece. Algumas vezes joga (livros e consolas de jogos não faltam nesta casa), outras cozinha porque para ele funciona como forma de descontração. E é assim que deve ser, não é? Nos tempos que correm é imperativo estarmos sempre muito ocupados...<br />Estamos sempre condicionados e como bem dizes, há quem se entregue e há quem fique refém.<br />Há uns dois anos vi um documentário muito interessante e mesmo já não sendo sobre um tema actual, serve para termos um melhor entendimento de como as coisas funcionavam e funcionam. Century of the Self, sobre o impacto das teorias freudianas na sociedade de consumo, na política e controlo social,é assustador.<br />https://www.youtube.com/watch?v=eJ3RzGoQC4s<br />Há um outro mais recente, do mesmo realizador, Adam Curtis, mas que ainda não vi. Na senda da desconstrução dos tempos em que vivemos, embora num registo talvez não muito científico, meio surreal, e naquela fronteira interessante do sério e do lunático.<br />Hypernormalisation.<br />https://www.youtube.com/watch?v=-fny99f8amM <br />Martanoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4833173742531479716.post-83549519076488102622017-02-03T21:05:14.631+00:002017-02-03T21:05:14.631+00:00Bem, o Velho do Restelo não deixava de ter a sua r...Bem, o Velho do Restelo não deixava de ter a sua razão naquilo que dizia. Era uma outra forma de ver a realidade.<br /><br />Acho que o que se passa neste âmbito é gravíssimo e tem dois lados: o das pessoas que se entregam alegremente ao telemóvel e que o incluem em todos os domínios da sua vida; e o das pessoas que já identificaram o problema, que querem lutar contra ele porque sabem que sofrem com ele, mas que se vêem limitadas pelo trabalho ou pela própria sociedade. O que dizes sobre o teu namorado recorda-me o que eu vivi. Não sei muito bem se no caso dele isto acontecia, mas comigo o pânico já era mesmo o de chegar um email que me pusesse a vida num virote. A instituição era tão complicada, tão inexplicável que já sabíamos que a qualquer momento podiam chegar problemas. Eram diários! A pressão que isso nos causava era inacreditável. Bem tentávamos brincar com a situação, mas a verdade é que deixou marcas. Marcas essas de que verdadeiramente só me apercebi depois de sair de lá e que estou agora a tratar a pouco e pouco.<br /><br />O telemóvel, também por isso, começou a ganhar um peso grande na minha vida. Não que faça muito com ele, já que sou pouco dada a grandes invenções. Mas estava sempre a ver o email, e depois a comentar com colegas as novidades disparatadas daquela empresa. Isso foi, gradualmente, expandindo-se até eu dar conta de que mal conseguia ler duas páginas de um livro sem mexer no telemóvel ou no iPad. Noites em que ia para a cama para ler, mas começava a passear pelo facebook no iPad e acabava por adormecer assim. Lá se ia a leitura... Com tudo o que de doido se passava no trabalho, mais o trabalho que trazia para casa, mais aquele que podia chegar a qualquer momento via email, posso dizer que o trabalho ocupou toda a minha vida durante uns tempos. Mesmo quando saía com o meu moço, eu só falava em trabalho. Mesmo quando os problemas ainda não tinham acontecido, eu já estava a sofrer por antecipação.<br /><br />Obviamente, o telemóvel e os emails não têm culpa disto tudo. A culpa é do lunáticos responsáveis pela instituição. Os emails e o facto de agora termos telemóveis que os recebem em qualquer lugar foram parte dessa mesma loucura e serviram para nos controlarem ainda mais. Mas eu não deixo de perguntar-me: se fosse noutros tempo, tempos em que não houvesse telemóveis ou em que eles ainda fossem muito arcaicos, seria este assédio possível? <br /><br />Só me ocorre mesmo a expressão «vida no bolso» porque de facto é assim que andamos a viver. Vamos ao banco por uma aplicação, compramos coisas através do telemóvel, fotografamos e editamos fotos com o telemóvel, guardamos documentos no telemóvel... Está tudo lá. Somos umas tartarugas que carregam a casa às costas só que somos muito viciados nessa casa e não a largamos.<br /><br />Apesar de tudo, apesar de querer voltar a trabalhar (preferencialmente longe do ensino), apesar de ter pena de estar há vários meses sem fazer nada, sinto que este tempo está a fazer-me bem e que estou a fazer progressos em alguns aspectos que estavam destroçados. Ainda ontem peguei no telemóvel para ver o email quando me deitei. Mas acabei por bloqueá-lo e pousá-lo antes de o fazer. A última coisa que os meus olhos vêem antes de dormir já não é a luz do telemóvel ou do iPad: são as páginas de um livro. Parece muito idiota o que estou a dizer, mas foram cinco anos de inferno. Voltar à vida normal é uma aventura diária e exige controlo sobre as minhas acções. Porém, não é fácil. O que sei de certeza é que não quero viver a vida que tenho no bolso. Nem aquela que já tive naquela instituição. Apesar de não ganhar nada no fim do mês (fui eu que me despedi), pelo menos não estou a enlouquecer. <br /><br />Agradeço-te muito as leituras e os comentários. Este foi de grande ajuda (e os conselhos literários também são sempre muito úteis!). :)<br /><br />asminhasquixotadashttps://www.blogger.com/profile/13220232615312157547noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4833173742531479716.post-44660390928981667542017-02-03T19:47:49.036+00:002017-02-03T19:47:49.036+00:00Identifico-me muito com o que dizes e não consegui...Identifico-me muito com o que dizes e não conseguiria dizer tão bem.<br />Há quantos anos vemos as pessoas sempre de telemóvel? Há alguns anos houve notícias sobre a quantidade de pessoas versus telemóveis. Já foi há muito.<br />Tenho um Samsung dos mais baratos, porque efectivamente não vivo do telemóvel e não preciso de muito. Para fotos tenho uma boa máquina com excelentes lentes. Se há anos o primor eram os telemóveis muito pequenos hoje são os iphones gigantes. Tenho um ipad que o meu pai me ofereceu mas não tem influência na minha vida. Em vez de usar o portátil uso o ipad, só isso. O meu namorado, com quem vivo, (para dar um exemplo oposto, tem um cargo importante, no sentido de ser responsabilizado por muito do que acontece na empresa) recebe emails a cada 3 minutos, um dia equivale a 100 ou mais emails. A empresa tem escritórios nos Estados Unidos. A toda a hora recebe emails, a cabeça dele não pára. Eu, anti esse tipo de vida, disse-lhe que não poderia continuar assim. Ele mal dormia com preocupações, sonhava com o trabalho, chegou a levantar-se da cama a falar sobre trabalho no sono. Chegou a fazer 14 horas durante meses a fio. Após a conversa que tivemos o telemóvel, tablet foram desligados ao chegar a casa. Ou seja, os emails foram bloqueados. A partir daí muito mudou. Chega a casa e faz o que quer, sem a pressão de emails. Na Alemanha há anos que proibiram os emails fora do horário de trabalho, a França está a fazer o mesmo. Somos escravizados e achamos normal.<br />Eu lembro-me de Cossery, o chamado escritor da preguiça, que ao lhe perguntarem qual a arte de viver respondeu simplesmente "Desprender-mo-nos de tudo o que nos ensinam, de todos os valores e dogmas".<br />A sociedade - que somos nós - nada respeita, estarmos em casa ou a trabalhar é igual. Antigamente uma coisa que levava semanas a ser feita hoje tem que ser feita obrigatoriamente no mesmo dia. Somos uns escravos.<br />É mais importante termos fotos nas redes sociais do que aproveitarmos o momento. Quantas vezes já não vimos pessoas a tirar fotos da comida do que a saboreá-la? Já vi muitas vezes. Não faço parte de redes sociais,apesar de reconhecer partes boas. <br />Somos sugados e não nos apercebemos. <br />Sim, sou um velho do Restelo.Martanoreply@blogger.com