quarta-feira, 21 de outubro de 2015

A Menina Sugere Isto XIX

Como acontece quase todos os anos, passei uns dias de férias em Viana do Castelo, durante o mês de Agosto. Assim, pude assistir à Romaria da Senhora da Agonia e passear-me pela feira de artesanato que todos os anos decorre no Jardim da Marginal. Já é uma espécie de tradição gastar uns trocos valentes naquele evento, mas este ano até parecia que ia escapar desse destino. Contudo no penúltimo dia de feira resolvi ir comprar uns presentes para trazer (e agora me lembro de que ainda não os entreguei) e foi o descalabro.

Podia falar-vos de muitas peças fantásticas que por lá encontrei, mas aqui quero sugerir-vos apenas um artesão e a sua arte. Encantou-me naquele penúltimo dia de feira e encantou-me hoje outra vez. A Sem Espinha é uma marca de artesanato que faz ilustrações muito originais que podem ser estampadas em peças de vestuário, por exemplo. Mas aquilo de que gosto mesmo é das matryoshkas. No início da Romaria lembro-me de ver uma que representava os elementos do presépio, mas entretanto esse foi vendido, passando a restar uma outra na qual figuravam as personagens do conto “Capuchinho Vermelho”. Foi inevitável: veio comigo.

Quando fiz a compra, o artesão, explicou-me que poderia fazer matryoshkas com outras figuras que eu desejasse. Disse ainda que, por exemplo, já tinha feito algumas por encomenda em que se pretendia representar os membros de uma família. Ao explicar-me isto ocorreu-me logo que poderia fazer uma matryoshka com as personagens do Quixote. E assim foi. Fiz-lhe o pedido há umas semanas e o esboço não tardou muito. Apenas pedi para que a peça referente à Dulcineia tivesse dois lados: um em que fosse deslumbrante e o outro em que fosse horrível. Isto porque a personagem só existe, tal como D. Quixote a descreve, na cabeça do Cavaleiro da Triste Figura. Na realidade, como Sancho confirma, a mulher que deu origem à Dulcineia é uma camponesa feia e fedorenta por quem o fidalgo Alonso Quijano andara em tempos embeiçado.

Depois do esboço aprovado, seguiu-se a pintura das peças e o envio. Foi tudo feito de forma muito rápida e o resultado é espectacular. Neste momento tenho mais umas mil ideias para outras matryoshkas e acho que estas peças são ainda mais giras por isso: porque podemos partir de algo de que gostamos e ter um objecto único em casa. Pelas mãos do artista que depois as pinta, podemos conseguir uma colecção de matryoshkas subordinadas a um ou mais temas que nos aqueçam o coração. No meu caso, comecei pelo Quixote e não ficarei, certamente, por aqui. Por isso sugiro-vos a Sem Espinha, cujo link para a página do Facebook deixo aqui. Parece-me ter um potencial extraordinário para presentes de Natal e de aniversário absolutamente únicos. De facto o trabalho fica lindíssimo e é feito de forma muito célere. Eu regressarei à Sem Espinha com certeza. Agora espreitem vocês as duas matryoshkas que já tenho e digam lá se não são deliciosas...



(A Dulcineia está de lado para mostrar um pedacinho da ‘princesa’ e um da ‘camponesa’. A propósito, a minúcia foi tanta que do lado da lavradeira, a Dulcineia só tem um dente... e de fora!)

Nota: E ao comprarmos estas peças, além de ficarmos com objectos lindíssimos a decorar as nossas casas, estamos também a fazer muito pelos nossos artesãos que, mesmo tendo um talento extraordinário, são muitas vezes trocados por coisas feitas a granel e sem personalidade nenhuma, mas com uma marca mais conhecida. 

2 comentários:

  1. Eu estive lá e não me lembro de ver as matryoshkas! Fui dar uma vista de olhos ao site, e realmente lembro-me de ver as t-shirts e sweats, mas não das bonecas. Acho uma ideia super original!
    No site deles não vi nenhuma matryoshka... nheca =/
    ****

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    1. Na feira em Viana cheguei a ver o presépio e era espectacular. Realmente, na página não está nenhuma, mas se propuseres uma ideia ao senhor, ele faz-ta nascer numa matryoshka em três tempos. Eu não me fico por estas duas de certeza. :)

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