sexta-feira, 10 de maio de 2013

Erros

Ontem precisei de escrever um recado na caderneta de um aluno. Ao folheá-la li o recado que uma colega tinha escrito uns meses antes. Nele estavam escritas palavras como "deverião" e "pude-se". Caiu-me a alma aos pés porque, se é verdade que todos podemos deixar escapar uma gralha de vez em quando, não é menos verdade que tal ortografia não é fruto de gralhas, mas sim de desconhecimento puro. Vindo de uma professora formada na área de Letras e com muitos anos de experiência, a coisa torna-se muito, muito, muito assustadora. 

Imagino o que terá pensado aquele pai quando leu tal recado. Que credibilidade tem um docente quando aquilo que escreve está pejado de erros, os mesmos que censuramos aos alunos dia após dia? Que confiança pode um pai sentir no ensino ministrado a um aluno quando o docente, ainda por cima experiente, erra naquilo que é mais básico e mais chocante: a escrita? 

Não fui eu que escrevi o recado, mas juro que me senti embaraçada com tal uso da língua. É uma vergonha chegar aos dez ou quinze anos de ensino, com um curso de Letras às costas e não saber que "deverião" se escreve com "m" no fim e sem til. É triste que alguém que alardeia tanto amor pela profissão escreva "pude-se" em vez da forma correcta do Pretérito Imperfeito do Conjuntivo: "pudesse". Mas, enfim, é o que temos. Resta esperar que os pais também não saibam escrever lá muito bem para não darem pelos erros...

2 comentários:

  1. GOD! Nem eu, que sou uma desgraçada de ciências e que tantas vezes tenho dúvidas na ortografia e na gramática, errava essas.

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    1. A mim deixou-me doente de vergonha. O que terá pensado aquele pai? Ainda antes de ser professora de Português já era muito preocupada com o bom uso da língua portuguesa. Acho que é um dever de todos os falantes. Compreendo erros em todos aqueles (como a geração dos meus pais e avós) que não tiveram as mesmas oportunidades que nós, no que à escolaridade diz respeito. Mas em quem estudou isto deixa-me louca. Quase tão louca como quando verifico que sou a única professora a descontar pontuação pelos erros num teste. Mais ninguém o faz (a não ser as outras professoras de línguas nas respectivas disciplinas). Portanto imagina um miúdo a ter "um notão" num teste de História ou de Ciências, mesmo dando erros em todas as frases. É por isso que se olha para a minha pauta e se diz "Bolas, a Português as notas são baixinhas.". Claro, assim destoam mesmo. Enfim...

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